segunda-feira, 21 de março de 2011

Kassab enfrenta os primeiros problemas após a saída do DEM


Quatro manifestantes conseguiram se infiltrar entre os convidados do lançamento do Partido Social Democrático (PSD), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O alvo do protesto era o prefeito da capital, Gilberto Kassab, líder da nova legenda.

Os jovens esperaram que o prefeito ocupasse a tribuna do auditório Franco Montoro e os cerca de 300 convidados sentassem. Quando Kassab cumprimentou os presentes, os manifestantes, instalados na quinta fileira de cadeiras, responderam: “Viemos te saudar, prefeito. Somos do movimento contra o aumento da tarifa de ônibus.” Ergueram cartazes escritos à mão com os dizeres: “O prefeito sustenta a desigualdade.”

Kassab tentou ignorar a gritaria e retomou o discurso. Teve de parar ao ser interrompido pelos gritos dos manifestantes. O prefeito apelou à plateia para abafar as palavras de ordem: “Uma salva de palma a eles, ao direito de manifestação, à democracia”, disse. O público aplaudiu.

Dois homens de meia idade, sentados ao lado dos manifestantes, arrancaram os cartazes das mãos de duas moças. Um segurança do prefeito expulsou o grupo do salão. Um dos jovens resistiu e teve de ser retirado à força. Kassab dizia ao microfone: “Vamos tratá-lo com dignidade. Deixa eles aí! Querem estragar a nossa festa.”

Com a retirada dos manifestantes, o evento seguiu normalmente. A prefeitura reajustou em 11% a tarifa de ônibus em janeiro, de 2,70 reais para 3 reais. O aumento supera a alta de inflação no período, de 5,83%. O reajuste tem motivado protestos quase semanais de estudantes e políticos do PT. Ao menos três deles terminaram em confronto com a polícia.

Pedra no sapato – O desgaste causado pelo aumento da passagem de ônibus provoca reflexos na popularidade do prefeito. Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta segunda-feira mostra que Kassab atingiu o maior índice de rejeição desde que assumiu o cargo, em 2006 – 43% dos paulistanos considera a administração dele ruim ou péssima.

Kassab foi questionado cinco vezes por jornalistas a respeito da popularidade em baixa. Em todas, desconversou e preferiu falar sobre iniciativas positivas da prefeitura. “A nossa motivação até o último dia da gestão é continuar fazendo um bom trabalho, seguindo nossas metas.”

Escudeiro de Kassab na fundação do PSD, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, criticou os dados. “Não concordo com essa avaliação ruim. Isso oscila. A parte positiva é muito maior do que a negativa. A verdade aparece com o tempo.”