Mesmo tendo que fazer um esforço sobre-humano para ouvir aquela tradicional ladainha bajulatória do radialista Ismael Mendes para com os seus entrevistados (principalmente os políticos), na Rádio Obelisco FM, de Pau dos Ferros, acompanhei, no último sábado (14), uma parte do pronunciamento do prefeito Fabrício Torquato (PSD), que está na reta final de seu mandato.
Na pauta administrativa poucas novidades foram apresentadas à população pau-ferrense, até porque, desde que o atual gestor assumiu o comando do município a cidade virou um verdadeiro 'cemitério de obras inacabadas'. Detalhe: até mesmo as que foram iniciadas pelo governo atual, como a reforma da Praça localizada na Avenida Getúlio Vargas, estão paradas ou inconclusas, algo que denuncia um quadro deplorável de inércia governamental.
Além disso, reclamações sobre a péssima qualidade dos atendimentos nas unidades de saúde, ineficiência dos serviços de limpeza e iluminação pública, e outros problemas não menos preocupantes, contribuem ainda mais para o agravamento da situação.
Mas, conforme o esperado, o discurso da crise foi o "cavalo de batalha" montado pelo Chefe do Executivo até o final de seu pronunciamento, inclusive de forma exaustiva, numa clara tentativa de compensar junto à opinião pública a ausência de obras importantes no município.
Entretanto, como parte de sua estratégia para sobrevivência política, o Prefeito Fabrício Torquato também tentou transferir para o ex-prefeito Leonardo Rêgo (DEM) a responsabilidade pelo fiasco administrativo da atual gestão, como se nunca tivesse sido aliado de seu antecessor (vice-prefeito e secretário) e, portanto, partícipe de todos os atos administrativos que estão sendo condenados agora, verdade seja dita, por puro oportunismo eleitoral.
Fabrício condena gestão anterior como se nunca tivesse sido vice-prefeito e secretário de Leonardo.
Na verdade, sem exagero algum, afirmo que, no pronunciamento do último sábado, o Prefeito Fabrício perdeu uma grande oportunidade para falar de si mesmo, de seus atos institucionais ou até mesmo de seus minguados feitos enquanto gestor, optando por atacar o seu principal adversário no pleito vindouro, desta forma, ignorando completamente a falsa imagem de "bom moço" fantasiada por seus maiores puxa-sacos institucionais. A máscara caiu?
Sendo verdade a máxima: "só fala mal dos outros quem não tem nada de bom para falar de si mesmo", creio que esta premissa se encaixou direitinho no alcaide pau-ferrense, pelo menos, segundo a opinião daqueles que não recebem patrocínios informais (subornos) do erário, e tampouco possuem cargos de natureza política na máquina pública municipal.
Agora, com o afunilamento do tempo e, consequentemente, a proximidade do pleito eleitoral, é provável que os discursos comedidos de outrora proferidos por Fabrício Torquato passem a ser substituídos por outros mais ácidos, porém, não menos passíveis de serem desmascarados por Leonardo Rêgo, reconhecidamente, um exímio orador.
Resta-nos esperar para vermos até onde vai a ousadia do gestor atual que, simbolicamente, resolveu colocar uma "faca de dois gumes" entre os dentes alimentando uma ira desmedida contra o seu maior rival, sem pensar nas consequências ou futuros revides verborrágicos.
Parafraseando um velho ditado popular: "Quem brinca com faca... acaba se cortando!"