Com pouco mais de nove meses de mandato (280 dias desde a posse em 1º de janeiro), prefeitos e vereadores eleitos nas eleições de 2024 inundaram as redes sociais, celebrando a "vitória" com o entusiasmo do primeiro aniversário. Mas, enquanto os políticos festejam, a reflexão mais importante paira sobre o eleitor: a satisfação já chegou, ou ainda reina a espera?
Para os novatos (eleitos pela primeira vez), o desafio é imenso. Eles enfrentam a pressão de transformar promessas de campanha em realidade, enquanto aprendem a lidar com a lentidão burocrática da máquina pública. O eleitor que apostou na mudança vive a "esperança cética": ainda confia, mas o descontentamento cresce se problemas urgentes permanecem intocados.
Já os reeleitos, que obtiveram grandes margens de vitória, carregam o peso da confiança renovada e a responsabilidade de melhorar o que já estava sendo feito. O maior risco aqui é a acomodação. O eleitor espera não apenas a continuidade, mas a excelência nas obras estruturantes. Se a frustração vier do novato, é inexperiência; se vier do reeleito, é visto como traição de confiança.
O eleitor não avalia o mandato por publicações e gráficos de redes sociais, mas pelo impacto no dia a dia: o pagamento do IPTU, a qualidade das benfeitorias em termos de infraestrutura e principalmente: o atendimento na saúde.
A ironia reside justamente nesse contraste: o poder celebra o aniversário da conquista; o cidadão, o aniversário da espera. Onde os eleitos veem o início de uma jornada vitoriosa, o eleitor pode estar fazendo a contagem regressiva para a próxima oportunidade de voto.
A verdadeira fiscalização ocorre no cotidiano. Se a frustração dominar após esse primeiro quarto de mandato, a celebração do poder torna-se irrelevante para aqueles que, após nove meses, ainda esperam a concretização da promessa eleitoral. Os três anos restantes são a prova de fogo.