Eleito anteontem presidente do DEM em meio a uma grave crise interna, o senador José Agripino Maia (RN), diz ser "mito" a informação de que a ala vitoriosa da legenda esteja alinhada à possível candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014.
"Criou-se um mito nesse sentido. Fui cumprimentado por telefone pelo [José] Serra e, pessoalmente, por Aécio. As minhas relações com o PSDB são excelentes. Mas o DEM está alinhado com seu próprio projeto, que pode até terminar com candidatura própria", afirmou ele, embora não tenha citado nomes.
O DEM (até 2007, PFL) só teve candidato à Presidência em 1989 (Aureliano Chaves ficou em nono lugar). Com exceção de 2002, quando não teve candidato, em todas as outras disputas presidenciais pós-redemocratização o partido foi o vice na chapa presidencial do PSDB.
Agripino foi eleito com apoio dos deputados federais Rodrigo Maia (RJ), Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), Ronaldo Caiado (GO) e Onyx Lorenzoni (RS), entre outros, grupo majoritariamente simpático à pretensão presidencial de Aécio. O novo secretário-geral da legenda, Marcos Montes (MG), também é aliado do governador mineiro.
Tendo atuado nas últimas semanas para diminuir ao máximo a possibilidade de debandada rumo ao partido que Gilberto Kassab pretende criar, o PDB, Agripino diz ainda ver espaço para que o prefeito fique no DEM.
Kassab, aliado de José Serra (PSDB), tentou assumir o comando do DEM com o apoio do ex-presidente da legenda Jorge Bornhausen, mas acabou derrotado.
Nos últimos dias, o grupo de políticos que manifestava intenção de seguir Kassab diminuiu, o que incluiu o deputado Rodrigo Garcia (SP), um dos aliados mais próximos do prefeito. Kassab deve ter um encontro hoje em São Paulo com Bornhausen.
O DEM ameaça ir à Justiça requerer o mandato dos filiados que saírem. No grupo que saiu vencedor na convenção de anteontem, a afirmação é que apenas um ou dois deputados federais seguiriam o prefeito.
Agripino disse ainda que sua principal tarefa daqui em diante será "massificar" sua linha programática país afora. "O Democratas é o único partido brasileiro com formulação programática liberal, que com certeza absoluta tem milhões de adeptos."
Ele recusa o rótulo de direita à legenda: "Essas ideias não são de direita, são de modernidade. Compatibilizar a preservação do meio ambiente com desenvolvimento, por exemplo, não é direita, é modernidade", disse.
Folha de SP