O sinismo de um corrupto cara-de-pau e a contribuição do eleitor para a sobrevivência política de um ladrão de consciência.


O corrupto brasileiro (seja ele de direita, de centro ou de esquerda) em geral é um ser que vive num mundo à parte. Habitando num universo paralelo sem igual... 

Ele tece suas ações cuidadosamente e utilizando a arma mais básica do arsenal humano: o emocionalismo.

Assim, sempre que ele é apanhado, usa expedientes emotivos para disfarçar sua hipocrisia e iludir os menos esclarecidos ou os menos antenados com a realidade dos fatos. 

Certos de que não fizeram nada de errado (afinal, dinheiro público não tem dono), se sentem verdadeiramente atingidos em sua honra pessoal distorcida ao se defrontarem com alguém que os acuse de ladrões. Mesmo que para qualquer pessoa sensata, vivendo no mesmo universo que nós, ele seja isso mesmo.

Se você é militante partidário (de qualquer partido), tenderá a procurar desculpas ou mesmo aceitar de peito aberto às explicações e as desculpas esfarrapadas que os corruptos da sua legenda dão dia após dia (ou seria escândalo após escândalo?). 

Contudo, mesmo o mais ferrenho militante dono de um senso ético ou moral minimamente evoluído ficaria indignado com tamanha desfaçatez, cara-de-pau e falta de vergonha na cara com que os mesmos corruptos de sempre andam tentando se livrar das acusações e (pior) das provas comprometedoras e irrefutáveis que pairam sobre suas cabeças.

Na verdade, o corrupto brasileiro sabe que o judiciário (salvo raras exceções) lhe é subserviente e se presta, com sua morosidade extrema, seus privilégios e sua forma retrógrada de agir, a garantir a impunidade e a perpetuação dessa falsa idéia de inocência que o corrupto deseja passar.

Pois, como a média de tempo desses processos transcende a duração de um mandato (muitas vezes até mais do que isso), o corrupto sabe que o resultado final (normalmente dando ganho de causa a quem acusava o político) só será conhecido décadas depois do fato ocorrido e, invariavelmente, sequer será noticiado pela grande imprensa (e mesmo quando isso é feito, mal passa de uma notinha de rodapé).

Nesse espaço de tempo, muita coisa pode acontecer: eleições podem ser ganhas ou perdidas, cargos podem ser trocados, favores conseguidos e desta forma, tornar totalmente inócuo qualquer resultado adverso desses processos.

Assim, enquanto o eleitor continuar permitindo que isso ocorra, os corruptos continuarão enriquecendo, mentindo, chorando e se dizendo "vítimas" de todo o tipo de "perseguição".

Pense nisso.