Maquiavel ensina: De que modo escapar dos aduladores?


Tem muito governo, político e executivos que são cercados por assessores despreparados, que temem dar conselhos necessários e dizer a verdade em determinados momentos. 

Como dizia o cardeal de Richelieu (Armand Du Plessis): "Os aduladores são como os ladrões: o seu primeiro cuidado é apagar a luz. "

Para completar, o poder parece exercer tanta influência na vida de um político, que às vezes, ele acaba cegando os olhos para a própria realidade e toma inúmeras decisões erradas. 

O trecho a seguir, faz parte de um texto escrito por Maquiavel em 1513, está atualizado e serve para a nossa realidade, pois é uma leitura indispensável para aqueles que desejam triunfar na política, sem a interferência dos aduladores, é claro. 

Leia atentamente abaixo e aprenda com Maquiavel:

Não quero deixar de tratar de um ponto importante, de um erro do qual os príncipes (governantes) só com muita dificuldade se defendem, se não são de extrema prudência ou se não fazem boa escolha. Refiro-me aos aduladores, dos quais as cortes estão repletas, dado que os homens se comprazem tanto nas suas coisas próprias e de tal modo se iludem, que com dificuldade se defendem desta peste e, querendo defender-se, há o perigo de tornar-se menosprezado. Não há outro meio de guardar-se da adulação, a não ser fazendo com que os homens entendam que não te ofendem dizendo a verdade; mas, quando todos podem dizer-te a verdade, passam a faltar-te com a reverência.

Portanto, um príncipe (governante) prudente deve proceder por uma terceira maneira, escolhendo em seu Estado homens sábios e somente a eles deve dar a liberdade de falar-lhe a verdade daquilo que ele pergunte e nada mais. Deve consultá-los sobre todos os assuntos e ouvir as suas opiniões; depois, de liberar por si, a seu modo, e, com estes conselhos e com cada um deles, portar-se de forma que todos compreendam que quanto mais livremente falarem, tanto mais facilmente serão aceitas suas opiniões. Fora aqueles, não querer ouvir ninguém, seguir a deliberação adotada e ser obstinado nas suas decisões. Quem procede por outra forma, ou é precipitado pelos aduladores, ou muda freqüentemente de opinião pela variedade dos pareceres; daí resulta a sua desestima.

Um príncipe, portanto, deve aconselhar-se sempre, mas quando ele queira e não quando os outros desejem; antes, deve tolher a todos o desejo de aconselhar-lhe alguma coisa sem que ele venha a pedir. Mas deve ser grande perguntador e, depois, acerca das coisas perguntadas, paciente ouvinte da verdade; antes, notando que alguém por algum respeito não lhe diga a verdade, deve mostrar aborrecimento. 

Texto extraído na íntegra do livro: O príncipe - Maquiavel - Cap XXIII