Luís Gomes: A ida dos que não foram...


O juízo do ser humano é facilmente induzido ao erro. Como dizia Dona Zefinha: todo penso é torto, todo torto é penso e quanto mais penso, mais torto eu fico, e corro o perigo de pensar mais torto. 

É sabido que certos homens, sorrateiramente, camuflam seu pensar e o seu comportamento de aparências nada óbvias. Então, não devemos conjecturar o cenário político/eleitoral pela exterioridade. 

Trocando em miúdos bem miudinhos, é aquela velha brincadeira de criança: por trás, respeitosamente, uma toca o ombro esquerdo da outra e posiciona-se no lado oposto, e vice versa. O cérebro, inevitavelmente, faz o corpo olhar para o lado incitado. É um drible na linguagem futebolística. Um blefe para o jogador. Uma ilusão de ótica sob a ótica do oftalmologista. 

A psicologia explica que é cegueira histérica. Na dramaturgia seria um jogo de cena. Na política qualquer um destes artifícios citados são efígies das endrôminas politiqueiras, os batidos de pé, as voltas em linhas retas, a poeira em alto mar, o pente do careca, a ida dos que não foram...

Os eventos pretéritos servem como augúrio para compreendermos a política da "Serra do Bom Senhor Jesus". 

Alguém é candidato a prefeito sem nunca ter sido. Como?! Explico: eu sei que não serei postulante por N motivos, mas afirmo com veemência que sou. Por que? Na pior das hipóteses eu serei instado a “conversar”. 

À mesa de negociações está aquela historinha da indicação do vice e de otras cositas más. Feita a combinação, fogos de “artifício” são pipocados, festeja-se antecipadamente. E quem é o tal vice? Depois agente informa, isso é apenas um detalhe, dizem. 

A aliança está consolidada e o pai dela, da aliança, é aquele que era candidato sem nunca ter sido. Lembram? AH!!! 

E o povo? Como fica o povo? O povo é outro detalhe, apenas uma minudência. 

É concluído mais uma calátide desta mixórdia política.