Entrevista: Gilvan Cajá esclarece episódio envolvendo o seu nome, após denúncia da Secretária de Administração, Eliriane Pinheiro.


Vítima do principal acontecimento ocorrido no âmbito político do município esta semana, o ex-servidor da Prefeitura de Pau dos Ferros, José Gilvan Batalha Rocha (Gilvan Cajá) revelou com exclusividade ao nosso blog, nesta quarta-feira (10), todos os detalhes que culminaram com a sua condução até a sede da 4ª delegacia Regional de Polícia Civil (4ª DRPC), na última terça-feira (09), após denúncia formulada pela Secretária Municipal de Administração, Maria Eliriane Melo Pinheiro, que registrou um boletim de ocorrência acusando-o de ter se apoderado de documentos públicos.

Uma semana após ter sido comunicado pela Secretária Eliriane Pinheiro que havia sido demitido, Gilvan Cajá recebeu em sua residência vários policiais civis que, acompanhados de um oficial de justiça, vasculharam a sua casa em busca de documentos originais da prefeitura citados na denúncia. Contudo, foram apreendidas no local apenas cópias de notas fiscais e uma placa de tombamento, que faziam parte do material de trabalho do ex-funcionário municipal. O mandado de busca e apreensão foi expedido pelo Juiz Titular da Comarca, Dr. Rivaldo Pereira Neto.

Na entrevista, Gilvan contou como tudo aconteceu, falou sobre a sua reação ante o acontecimento inesperado, como se sentiu ao saber que a autora da denúncia foi a Secretária Eliriane, inclusive, relatando os fatos que antecederam e sucederam todo este episódio, além da solidariedade prestada por amigos e familiares e as suas perspectivas para o futuro. Tudo isso você confere logo abaixo:


A população de Pau dos Ferros ficou surpresa na última terça-feira (09) com a propagação da notícia que você havia sido detido pela polícia. O que de fato aconteceu?

Como eu havia sido demitido da prefeitura de Pau dos Ferros, sem nenhuma justificativa, resolvi ir passar o feriado prolongado em São Miguel. Retornei na segunda-feira, dia 08. Logo no dia seguinte, na terça-feira, fui surpreendido com a polícia na minha casa, com um mandado de busca e apreensão, atrás de documentos da prefeitura, cuja entrada autorizei sem nenhum receio. Porém, comigo só haviam cópias de notas fiscais do trabalho que eu realizava até pouco tempo, nada além disso. Fiquei surpreso ao tomar conhecimento por parte do oficial de justiça que a Secretária de Administração, Eliriane Pinheiro, tinha feito uma denúncia contra mim afirmando que eu havia subtraído documentos do Município. Depois disso, acompanhei os policiais até a delegacia para prestar esclarecimentos, tranquilamente, mas, chegando lá, fui informado que passaria a noite detido até que o juiz autorizasse a minha liberação.

Você deu margem, através de algum tipo de comportamento incomum, para que a Secretária Eliriane Pinheiro lhe acusasse de ter cometido algum crime?

De forma alguma. Inclusive, no dia que eu fui demitido pela secretária, ela me abraçou, disse que tinha tido um enorme prazer em ter trabalhado comigo, enalteceu minha honestidade na frente dos colegas de trabalho e frisou que não tinha nada contra mim, manifestando até um certo constrangimento pelo fato de ter que me dar essa notícia [demissão] e na saída ainda me deu um beijo carinhoso no rosto. Eu disse que não havia problema nenhum, retornei para minha casa tranquilo e sem jamais imaginar o que aconteceria posteriormente.

Gilvan, e o que de fato a polícia encontrou em sua residência?

Simplesmente uma pasta com o restante de um material de trabalho que eu e outro colega [Cezimar Almeida] estávamos fazendo para a secretaria de Saúde relacionado a tombamentos de bens do município. Inclusive, fazíamos esse trabalho até fora do horário de expediente normal para podermos agilizar as nossas tarefas e desempenhá-las com zelo. Sempre tive o hábito de trazer o material para casa, e como fui demitido abruptamente não deu nem tempo de devolver esses papéis, pois viajei no feriado. Também nunca imaginei que umas simples cópias fossem gerar toda essa celeuma, jamais fui indagado a respeito. 

Durante todo esse tempo em que atuou no serviço público, já que você trabalhou nas gestões dos ex-prefeitos Nilton Figueiredo e Leonardo Rêgo, alguma vez imaginou que pudesse passar por esse tipo de constrangimento público?

Nunca. Eu já trabalhei dois anos com Dr. Nilton Figueiredo e ele é uma pessoa que conhece bem o meu caráter. Jamais ocorreram problemas. Com Leonardo Rêgo já trabalhei seis anos e sempre fui respeitado. De forma alguma pensava passar por isso nessa administração, pois quando se faz a coisa certa não tem porque ficar pensando em coisas negativas. Fui pego de surpresa por essa gestão que chego a denominar como irresponsável, sem respeito com os funcionários, que deixa todo mundo trabalhando sob pressão e quem não cede é posto no olho da rua, entendeu? Mas, a resposta foi dada pelos meus verdadeiros amigos e a população, todos sensibilizados com o problema que passei.

Como servidor público, você se sentia confortável para trabalhar dentro da gestão Fabrício Torquato?

Não. Desde o momento que o atual prefeito assumiu existia uma certa pressão, uma perseguição e com alguém sempre marcando a gente, querendo nos empurrar para fazer algo que não era da nossa índole. Então, desde o início, como eles viram que eu não iria aceitar algumas coisas fui encarado como adversário. Eu me sentia com os espaços delimitados e até cheguei a dizer para a minha esposa, várias vezes, que sairia da prefeitura em virtude do desgaste psicológico imposto. Eles sabem do que estou falando muito bem. Na verdade, não existe clima para trabalhar com pessoas sem escrúpulos, que pensam que todo mundo é capacho, então, a situação não estava sendo muito agradável para a minha permanência. Mas, como eu precisava do trabalho para manter minha família suportei enquanto pude, até as últimas consequências.

Você tem conhecimento se esse sentimento de desconforto é compartilhado por outros funcionários que ainda estão na prefeitura?

A maioria, quase todos passam por isso. Inclusive, muitos colegas que ficaram lá foram solidários comigo, assim que ficaram sabendo do ocorrido se revoltaram e já estão dizendo que sabem que esses dias vão sair também, por não aceitarem o mesmo regime de trabalho imposto. A conversa lá dentro é essa, então, podem aguardar que ainda vem uma demissão em massa por aí de muita gente que não vai aceitar o que está acontecendo lá dentro.

O que você pretende fazer daqui para frente?

É o seguinte: vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos na justiça, pois ainda acredito muito na competência das autoridades, e que Deus tome conta do resto. Vou continuar de cabeça erguida, com a consciência limpa de ter trabalhado com dedicação e honestidade. Isso aí ninguém vai duvidar nunca, e vamos continuar lutando, trabalhando honestamente de novo. O sol nasce para todos, amanhã é outro dia.

Qual foi a grande lição que você absorveu deste acontecimento?

A grande lição é que a maior virtude que um homem deve ter é a gratidão. Isso eu venho sempre aprendendo como ser humano, diariamente. A gratidão tem que existir sempre. Um homem sem gratidão não tem caráter, não tem nada para se admirar.

Pegando carona em suas palavras, lhe pergunto: gostaria de fazer algum agradecimento para alguém?

Sim. Gostaria de agradecer a todos que me deram uma oportunidade de trabalhar na prefeitura, especialmente ao meu grande líder e amigo Leonardo Rêgo, ao grande amigo Alexandre Aquino que sempre esteve presente durante os momentos de adversidade e a todo grupo. Sou liderado de Leonardo e isso sempre causou uma inveja muito grande neles porque eu nunca aceitei que fossem criticá-lo. Eu falava para eles que a vice-prefeita, Zélia Leite, era minha prima, que Gilson Rêgo era meu vereador e que se eles quisessem me demitir ficassem à vontade, mas, eu jamais iria denegrir o trabalho deles. Jamais seria ingrato com quem me deu tantas oportunidades.

Restou alguma consideração que você gostaria de socializar?

Estou satisfeito. Só gostaria de finalizar tranquilizando os meus ex-colegas de trabalho, amigos e familiares dizendo que não se preocupem. 2016 está chegando aí. Novos dias virão.