Em Pau dos Ferros, debate com os candidatos à prefeitura revelou face agressiva de Fabrício, postura espalhafatosa de Juscelino e um comportamento mais centrado de Leonardo.

O debate com os candidatos à prefeitura de Pau dos Ferros, promovido por entidades estudantis, realizado na noite desta sexta-feira (23), no auditório do IFRN, foi uma excelente oportunidade para a população local observar o preparo técnico e psicológico dos três postulantes ao comando do Poder Executivo no pleito de 2 de outubro.

Durante cerca de duas horas, Fabrício Torquato (PSD), Juscelino Rêgo (PMB) e Leonardo Rêgo (DEM) discutiram entre si sobre diversos temas inerentes à realidade administrativa da principal cidade do Alto Oeste potiguar, e responderam a perguntas elaboradas por internautas e convidados presentes no recinto.

Todavia, em uma análise geral sobre o debate, assevero que foi perceptível o excesso de falhas técnicas tanto na parte estrutural do evento quanto no formato que, aparentemente, foi criado para evitar um amplo confronto direto entre os postulantes, já que o tempo destinado para os questionamentos livres de candidato para candidato foi o mínimo possível.

Portanto, ao meu ver, o confronto de ideias foi truncado, algo que poderia ter prejudicado os participantes mais eloquentes. Porém, apesar das "amarras" contidas nas regras impostas à peleja verbal, conseguimos extrair algumas percepções sobre o desempenho pessoal de cada debatedor, que foram as seguintes:

Fabrício Torquato: O atual prefeito obteve um desempenho razoável nos momentos em que lhe foi exigido a adoção de uma oralidade mais fluente e tenaz para uma exposição clara de ideias. No entanto, no aspecto emocional, o gestor municipal pecou ao revelar uma face excessivamente agressiva contra o seu principal oponente, no caso, Leonardo Rêgo, fugindo da característica pacata e humilde que é vendida pelo seu marketing eleitoral. Mas, para quem sempre enfrentou dificuldades na parte de oratória, até que Fabrício Torquato conseguiu se superar, evitando um estrago maior nesta reta final. Longe de ter sido o vencedor do debate, o candidato do PSD deve ter ficado feliz mais pelo fato de ter escapado de um verdadeiro vexame público do que propriamente em virtude de um possível êxito no evento.

Juscelino Rêgo: O candidato do PMB perdeu uma ótima oportunidade para demonstrar que sua postulação poderia ser levada a sério pelos pau-ferrenses e, também, pelas inúmeras pessoas que aguardavam com expectativa por um fator surpresa que pudesse trazer algo de novo para o duelo polarizado entre Fabrício e Leonardo. Incorporado com um "espírito" nitidamente espalhafatoso, Juscelino se perdeu em vários momentos, principalmente, quando tentou elaborar questionamentos técnicos, gafes que lhe expuseram ao completo ridículo ante suas argumentações totalmente desconexas. Em suas considerações finais, o ex-assessor do ex-prefeito Nilton Figueiredo atacou de forma rasteira o candidato Leonardo Rêgo, o que lhe acarretou uma penalização por parte da mesa julgadora. Pelo tom de achincalhe adotado por Juscelino, ficou nítida que a candidatura "café com leite" do PMB pode ter sido lançada apenas para tentar causar constrangimentos ao ex-prefeito do DEM, como aconteceu na noite de ontem.

Leonardo Rêgo: Visivelmente focado na pauta administrativa, o candidato do Democratas iniciou o debate mais centrado na apresentação de propostas contidas em seu plano de governo, diga-se de passagem, postura exemplar, mas que, talvez, tenha contribuído para que o prefeito Fabrício Torquato tenha colocado as "unhas de fora" logo no início com ataques ferozes contra o seu antecessor. Quando se deu conta que poderia ser emparedado pelo seu ex-aliado, Leonardo revidou com argumentações comparativas entre o desempenho de sua gestão com a atual e, também, enfatizou as contradições no discurso agressivo do prefeito assumido recentemente, por ocasião da disputa eleitoral, com os inúmeros elogios feitos por ele no passado à habilidade política do ex-gestor. Por fim, Leonardo citou as suas realizações à frente do Executivo, chamou a atenção da população para o comportamento notadamente combinado de ataques à sua pessoa por parte dos outros dois debatedores, e salientou que pretende retornar à prefeitura para reconstruir a cidade no quesito administrativo.

Após o debate, tanto os correligionários de Fabrício Torquato quanto os seguidores de Leonardo Rêgo bradaram que os seus respectivos candidatos haviam vencido a disputa verbal. 

Contudo, de forma racional, entendo que, até pelo formato truncado do evento, de certa forma tornou-se algo desafiador analisar com imparcialidade o desempenho dos postulantes, haja vista a ausência de tempo para a deflagração de um confronto mais aberto e extremamente salutar ao jogo democrático.

Mesmo assim, creio que a população pau-ferrense não terá dificuldades para decidir, no próximo dia 2 de outubro, qual dos postulantes está mais preparado para retirar o nosso município do atraso e recolocá-lo nos trilhos do desenvolvimento.

Que Deus abençoe a nossa terra. Amém.