Gestão Fabrício Torquato tenta transparecer razoável controle sobre gastos, mas somente com a abertura da "caixa preta" é que saberemos a realidade das finanças do município.

É quase unânime a tese que, desde que assumiu o comando administrativo do município de Pau dos Ferros, o prefeito Fabrício Torquato (PSD) pecou gravemente ao não dar andamento às obras deixadas pela gestão anterior que ficaram com recursos em caixa, notadamente nos últimos dois anos, para tentar responsabilizar negativamente o seu antecessor Leonardo Rêgo (DEM).

Muitos consideram também que, ao justificar demasiadamente a ausência de realizações estruturantes em seu governo em virtude de fatores como a estiagem e a crise financeira que assolou o país, o Chefe do Executivo seguiu um caminho contraditório, já que sempre manteve o quadro funcional da prefeitura abarrotado de servidores comissionados, supostamente para satisfazer os caprichos de seus aliados políticos mais gananciosos, algo que não combinava com as repetitivas murmurações institucionais sobre a possível inexistência de receitas.

Em virtude de tudo isso, é fato que houve uma extrapolação nos gastos com a folha de pessoal, prática expressamente vedada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Inclusive, esse foi um assunto que causou bastante preocupação durante todo o processo eleitoral para o prefeito eleito Leonardo Rêgo.

Todavia, ao que parece, com a demissão em massa de vários funcionários que exerciam cargos em comissão, mais a entrada de alguns recursos federais volumosos (Repatriação, FPM e etc.), no finalzinho da gestão Fabrício Torquato percebe-se uma tentativa de transparecer que está havendo um controle interno mais rigoroso de gastos, mas somente com a abertura da chamada "caixa preta" é que saberemos a realidade das finanças do município.

Além disso, ao convocar dezenas de aprovados no último concurso público, o alcaide local pode ter comprometido novamente o erário e, embora as nomeações tenham sido bem recebidas pelos convocados, o poder de contratação do município pode ter ficado bastante limitado. 

Mesmo assim, digo que se o gestor que está saindo conseguir deixar o município, pelo menos, em dia quanto aos seus principais compromissos, será um alívio para o novo governo que vai chegar.

À distância, aparentemente, não existe caos. Contudo, falta verificar o que há "debaixo do tapete". 

Enfim, resta-nos esperar pelos números reais, sejam eles positivos ou negativos.

Esperemos...