Editorial: Prefeita Marianna precisa contornar desacertos para evitar desgaste prematuro. Oposição terá que se adequar à nova conjuntura política e encontrar o caminho da recomposição.

Neste espaço já demos publicidade aos montantes volumosos de recursos federais que a Prefeitura de Pau dos Ferros tem recebido, inclusive, voltamos a relembrar no editorial anterior que o município foi contemplado com a evolução do coeficiente relacionado ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), motivo pelo qual questionamos o decreto de calamidade financeira publicado logo no início do ano. 

Além disso, também aqui nesta página já chegamos a ponderar que a Prefeitura local dispõe de outras fontes de receita como, por exemplo, as arrecadações de tributos municipais e até estaduais (ICMS e IPVA). No entanto, o discurso proeminente na atual gestão é conflitante com o que asseveramos em postagens anteriores.

Entretanto, eis uma realidade também merecedora de nossa atenção: por estar apenas iniciando o mandato, a atual prefeita Marianna Almeida (PSD) ainda terá pela frente cerca de 3 (três) anos e 6 (seis) meses para contornar os desacertos iniciais, juntamente com sua equipe de secretários, e levar sua gestão a uma condição de governabilidade que lhe garanta, no mínimo, uma boa aceitação popular.

Escrevo com a liberdade, sensatez e lucidez de quem viu durante o processo eleitoral do ano passado Marianna Almeida ter sido subestimada nos bastidores até por seus aliados mais desconfiados, sem mencionar alguns de nós da imprensa (ESTOU INCLUÍDO NESTA LISTA) que subestimaram a possibilidade do povo de Pau dos Ferros repassar o comando do Poder Executivo para as mãos de uma jovem advogada inexperiente, detalhe: no que se refere ao cargo que estava em disputa. O tamanho da surpresa com o resultado das urnas foi escancarado na diferença de votos obtidos pela vencedora do pleito em relação ao seu adversário: 1.510 votos.

Então, diante dos fatos narrados acima, entendo que para o grupo de oposição será necessário encarar a nova conjuntura política em Pau dos Ferros, imposta pela população nas urnas, sem incorrer nas repetições de erros cometidos na eleição passada, onde predominou o pensamento coletivo de invencibilidade; brecha encontrada pelos adversários para avançarem rumo à vitória e, atualmente, cientes que as derrotas anteriores serviram para um aprendizado mútuo. 
 
Agora, com a drástica mudança no cenário político local, será necessário aos que foram delegados pelo povo à condição de assumirem o papel de fiscalizar os atos do Poder Executivo absorver, humildemente, lições importantes com o momento adverso e que, sobretudo, garantam uma recomposição política gradativa nos próximos anos, já que os números denunciaram uma perca considerável de eleitores.

Obviamente que, por enquanto, tempo para Marianna ainda não preocupa. Ainda estamos em meados de março. Mesmo assim, no final das contas, os resultados práticos serão os fatores decisivos. Por isso, a gestora também não poderá imaginar que a "lua de mel" com a população será eterna. Pelo contrário, já há sinais de insatisfação; precipitados é bem verdade, mas são reais.

Todavia, até 2024, algo será inevitável: os ponteiros do relógio parecerão girar devagar para quem está no grupo de oposição, enquanto que para os situacionistas a sensação é contrária, como se o marcador de tempo virasse um inimigo traiçoeiro; numa interpretação paranoica para alguns mais ansiosos ou nervosos.

Calma, gente. Antes de 2024, ainda teremos o pleito de 2022 (próximo ano).

Só não se percam com o tempo; aviso para situacionistas e oposicionistas.

Dizem que o relógio de Deus não atrasa e nem adianta. Tudo no tempo certo.