Relatório da Polícia Federal aponta tentativa de lobby na Casa Civil para favorecer agências franqueadas dos Correios.
A então ministra Dilma Rousseff, hoje candidata do PT à Presidência, é citada no documento como alvo dos lobistas.
Segundo o relatório, Sancler Mello, candidato a deputado estadual pelo PT do Rio, relata a um lobista ter sido recebido por Dilma em julho de 2006 para discutir uma forma de evitar a realização de licitação para renovação da rede de franqueados da estatal, concorrência pública que, de fato, nunca foi aberta.
A conversa foi gravada com autorização da Justiça Federal. Dilma e Sancler negam o encontro.
'AJUDA FINANCEIRA'
Segundo o relatório, Fioravante "promete ajuda financeira" de R$ 100 mil a Sancler para que ele tentasse convencer Dilma a cancelar uma medida provisória determinando uma nova licitação.
Pelo que foi apurado constatou-se que o Ministério das Comunicações chegou a encaminhar à Casa Civil, em 15 de dezembro de 2006, minuta de uma MP que reformulava o setor.
Em 2007 e 2010, o governo editou MPs renovando prazo de vigência das franquias e fixando datas para a renovação da rede, mas as licitações nunca ocorreram.
No diálogo, gravado no dia 18 de julho de 2006, Sancler diz: "Eu acabei de sair de reunião com ela [Dilma] lá... Ela se compromete e não emitir a medida provisória para ser relatada em 2006".
E continua: "Ela espera a decisão do Supremo, não emite a medida provisória, que já está pronta, que ela ia mandar para o Congresso, para o Bittar [Jorge Bittar, deputado federal pelo PT-RJ], que vai ser o relator".
OUTRO LADO
Dilma informou, por meio da assessoria, que não conhece Sancler Mello, candidato derrotado do PT a deputado no Rio, e que não o recebeu quando era ministra da Casa Civil. A assessoria da Casa Civil negou haver registro de encontro da então ministra com Sancler em 2006.
O petista também negou qualquer encontro com a então ministra, que diz conhecer apenas pela TV.
Por meio de seu advogado, Sancler informou que tem "reputação ilibada" e que o processo relativo ao caso já foi arquivado.
Folha de São Paulo