Os transtornos causados pelas festas realizadas em vias públicas...


As festas populares, patrocinadas pelo poder público, são cada vez mais comuns em nossa região. Não tem um final de semana sem a realização de algum festival, festas religiosas, emancipação...

É inegável que os eventos movimentam o comércio, promovem o turismo, enfim, aquecem a economia local, mas...

Quase sempre, esquecemos dos transtornos que esse tipo de festa produz no dia a dia das pessoas que moram nas proximidades das ruas e avenidas que são, literalmente, fechadas para acomodar as estruturas de camarotes, barracas, palcos, etc.

Para chamar a atenção das autoridades que promovem estes eventos, publicamos a seguir, um verdadeiro desabafo da jornalista Bernadete Cavalcante sobre os transtornos que o festival gastronômico de Portalegre causou a sua família. 

Confira abaixo:

É hora de agradecer ao prefeito Euclides Pereira por toda as "benesses" e os "ganhos" pessoais e materiais causados pela sua vontade ( e a carta-branca que dá seus auxiliares, para mandar e desmandar) quando concedeu licença de instalação de um parque de diversões, na nossa porta. Foi espetacular. 

Quero lhe dizer, em nome da minha mãe, que ela sentiu-se muito grata por ter ficado impedida de ir a fisioterapia por duas semanas, afinal o caminho estava interrompido e isso foi um avanço no seu tratamento, rumo a sua recuperação motora. 

Já o meu irmão, Prefeito, embora o Senhor não saiba, ele é paralítico cerebral, mas, incrível, conseguiu expressar que também gostou muito de ser motivo de riso para os usuários do Parque, ele expressou ficando mais agitado e nervoso, com os gritos dos usuários do brinquedo invasor, Prefeito. 

Aliás, todos nós adoramos ter tido por duas semanas pessoas olhando tudo que se passava no interior da nossa casa. Foi como estar num "reality show". Isso se chama administração que traz interatividade, não é? 

Quanto ao barulho do Parque, nos dias que antecederam o Festival, quase nada, meu irmão só teve dificuldades para dormir, coisa sem importância, ele gosta mesmo de ficar acordado, sobretudo para ficar gritando no mesmo ritmo dos gritos que vinham de fora e ecoavam por toda a casa. 

Mas, se não era o Senhor que tinha que conviver com isso, aonde está o problema, não é mesmo ? 

Ah! ia esquecendo, a minha mãe também amou não poder ouvir as suas missas e terços na Rede Vida, por esses dias, foi providencial da sua parte, sobretudo para alguém que estar a seis meses inválida e cuja diversão é unicamente a televisão e suas rezas.

Penso ainda que a minha irmã, mesmo muito comedida para expressar o que lhe "agrada", também deve lhe render graças pela caminhada, carregando malas e compras na sexta-feira à noite, para poder chegar em casa, já que todo o acesso a nossa porta estava totalmente fechado. Acho, ainda, que a minha irmã deve até agradecer duas vezes, pois caminhar e carregar peso, queima calorias, não é mesmo?
 
Engraçado Prefeito, é que garantiram, em nome da sua gestão, ao Ministério Público, (e a nova Promotora acreditou) que o acesso ficaria aberto.

Não tenho dúvidas, Senhor Prefeito, que a permissão dada ao parque e o trabalho dos seus auxiliares em fechar a rua, tinha como propósito pensar na saúde da minha família, pois só assim, literalmente presos, poderiam repousar mais. Caso precisasse de atendimento de urgência, certamente o serviço de UTI no ar, disponível na sua gestão, faria o socorro imediato. 

Incrível como o Senhor pensou em tudo. É mesmo muito lisonjeiro da sua parte.

Já no que se refere a questão material, o corrimão da rampa de acesso a cadeiras de rodas, recém feito, pintado em branco, novinho, novinho, Prefeito, ficou uma beleza; está todo riscado, uma verdadeira obra de arte, coisa cultural mesmo, digna da sua administração. 
 
Sugiro, inclusive, que o Senhor mande a Secretaria da Cultura registrar o feito, aliás essa Secretaria tem tudo a ver como isso. E, salvo o engano, o nome desse tipo de arte é Grafismo, ainda pouco conhecida por aqui, podendo até se tornar histórica: a arte que nasce nos 250 anos de Portalegre. 
 
Por fim, é dizer que o Senhor não poderia ter sido mais generoso que isso. Seremos eternamente gratos. Certamente um dia o Senhor será merecidamente recompensado por tão digna atitude. Os seus auxiliares, é claro, também. 
 
Mas, da próxima vez, pediria ao Senhor para fazer algo dedicado somente a mim, Prefeito, o seu alvo e de alguns auxiliares seus, deve ser somente eu. Viu como sou egoísta? 
 
Mas o meu egoísmo tem uma explicação; as pessoas que o Senhor "premiou", não mereciam e nem poderiam receber "recompensas" pelas minhas posições com relação a sua gestão, porque o meu pensamento e opinião, Prefeito, são pessoais e individuais.
 
Agora, fique o Senhor com sua consciência. Seus auxiliares também.


Blog da jornalista Bernadete Cavalcante

Comentário do Blog: A situação relatada por Bernadete em Portalegre se repete em outras cidades, mas nem todos têm um meio eficiente de expressar sua indignação.

Sobre o episódio narrado pela jornalista Bernadete Cavalcante, caso o secretário municipal de cultura, Temístocles Maia, ou qualquer outro assessor do prefeito Euclides Pereira queira opinar, daremos o mesmo tratamento.