Estado reage e anuncia combate ao crime organizado dentro dos presídios.


Os poderes constituídos do Rio Grande do Norte, mais Ministério e movimentos organizados da sociedade civil, como Ordem dos Advogados do Brasil e Conselho de Direitos Humanos, anunciaram em reação à onda de violência que tomou a capital de assalto na noite dessa segunda-feira (16) um pacote de medidas para reprimir o crime, conter o avanço de rebeliões nos presídios e implementar melhorias no sistema prisional, atendendo às garantias individuais dos apenados, com os quais, ressaltou o governador Robinson Faria, não haverá negociação.

"O governo não vai transigir com bandidos. A nós, compete a garantia dos direitos individuais dos apenados. Não iremos tolerar que as reivindicações dos presos sejam feitas dessa forma, com a população sendo colocado sob estado de terror. Estamos aqui para dizer que o Estado, a quem compete cuidar do cidadão, não ficará assistindo a isso e estamos tomando as medidas necessárias", anunciou Robinson Faria.

A mais enérgica das medidas adotadas pelo Executivo foi a abertura do diálogo com o governo federal, com imediata resposta. Para esta quarta-feira, está prevista em Natal a chegada de representantes da Secretaria Nacional de Segurança Pública, órgão do Ministério da Justiça com quem o governo pretende aprofundar a discussão e ver quais medidas poderão ser adotadas além das que já estão em andamento.

Ao mesmo tempo, o governador Robinson Faria anunciou que uma equipe de inteligência do Ministério da Justiça foi disponibilizada pelo titular da pasta, ministro José Eduardo Cardozo, para ajudar nas investigações. O propósito é identificar a origem e motivação dos crimes ordenados a partir das penitenciárias do Estado. Até o momento, os atos de terror que chocaram a capital tiveram autoria assumida apenas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

Além disso, é aguardado ainda para esta segunda-feira (17), o desembarque de 130 homens da Força Nacional. Mais cedo, 70 já chegaram ao Rio Grande do Norte. Eles vêm municiados com equipamentos próprios e deverão atuar na repressão ao crime dentro dos presídios. Aos homens, se somam dois helicópteros disponibilizados pelo governo federal para reforçar as operações. O grupo da Força Nacional ficará baseado no Caic, em Lagoa Nova.

Ao explicar que não tem cabimento ceder e negociar com os presos, o governador Robinson Faria deixou claro que todo o comando escalado no sistema penitenciário do Estado será mantido. Com a declaração, ele rechaçou a possibilidade de afastar a diretora de Alcaçuz, Dinorá Simas, como vem sendo reivindicado pelos apenados.

Com a decretação do estado de calamidade no setor, explicou ainda o governador Robinson Faria, ele se comprometeu a implantar medidas de médio prazo mas de caráter definitivo. Para esse propósito, a administração deverá se valer da captação de recursos junto ao Ministério da Justiça. Indagado sobre como fará para que não se repita o cenário do governo anterior, quando R$ 24 milhões tiveram de ser devolvidos ao governo federal por falta de uso,  Robinson explicou o seguinte: "Os recursos foram devolvidos porque não havia projetos. Mas nós temos uma equipe antenada com esse momento. Temos projetos a apresentar para poder captar os recursos necessários."

Além de exigirem a saída de Dinorá Simas do comando de Alcaçuz, os presos pedem melhorias nas condições físicas do local, além de flexibilidade sobre o horário das visitas de seus familiares, além de outros pontos.