Análise: Otimismo de Lula para 2026 é estratégia, mas subestima a persistência do 'Voto Anti-PT'.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no seu terceiro mandato, não esconde o entusiasmo com a possibilidade de uma vitória para ocupar o quarto mandato como presidente do Brasil em 2026, uma marca que o tornaria recordista no país.


Em uma declaração forte dada nesta terça-feira (07/10), Lula cravou: "É muito difícil alguém ganhar as eleições de nós em 2026." Estamos em outubro de 2025, o que significa que faltam cerca de 12 meses para o primeiro turno presidencial. Essa fala, embora compreensível para um líder no poder, pode ser vista como um otimismo exagerado que subestima a profunda polarização do eleitorado brasileiro.

A confiança do presidente ignora a realidade de que o país ainda está dividido. Na eleição anterior, em 2022, Lula venceu Jair Bolsonaro por uma margem apertadíssima de 2,1 milhões de votos no segundo turno, um resultado que confirma a existência de dois blocos políticos robustos.

Embora Bolsonaro esteja inelegível para 2026, seu eleitorado - o "voto anti-PT" - não sumirá; ele apenas migrará para outro candidato que se posicione como principal adversário de Lula. A ideia de que "ninguém ganha" ignora que o futuro polo de oposição ainda está em formação e terá o capital político dos milhões de eleitores bolsonaristas.

A postura de Lula em relação às alianças também demonstra uma autoconfiança notável. Ao declarar que "não vou implorar para nenhum partido estar comigo. Vai estar comigo quem quiser estar comigo", o presidente assume uma posição de força em meio às saídas de partidos como o União Brasil e o PP da base ministerial.

Embora o presidente Lula tente enfraquecer essas legendas ao criticar a expulsão de ministros (como Celso Sabino e André Fufuca), essa intransigência pode ser prematura. A costura política e as alianças são vitais para a governabilidade e, principalmente, para garantir tempo de TV e apoios decisivos em um eventual segundo turno, onde cada voto e cada legenda contam.

Em um cenário polarizado, onde o voto "contra" é tão poderoso quanto o voto "a favor," um ano é tempo suficiente para que problemas de gestão ou novos escândalos abalem a percepção de sucesso. O otimismo de Lula é uma injeção de ânimo para sua base, mas, em um país dividido, talvez seja cedo demais para cantar vitória antes mesmo do início oficial da campanha.