Editorial: 2016 chega com cara de "fim de festa" para muitos prefeitos que não conseguiram emplacar marca administrativa.


Tradicionalmente, a chegada de um novo ano é celebrada com muita alegria e otimismo quanto ao futuro, principalmente, quando se acredita que com a festa da virada todos os "fantasmas" negativos serão completamente exorcizados de nossas vidas ao passo que, simultaneamente, torcemos para o início de um novo ciclo repleto de boas notícias e acontecimentos extraordinários. É bom pensarmos assim, afinal, o ser humano não vive sem esperança, palavra cujo significado bem que poderia ser explicado como: esperar com confiança.

Todavia, passado o êxtase produzido pelo clima festivo, faz-se necessário "colocarmos os pés no chão" e encararmos a implacável realidade que nos obriga a, literalmente, suar a camisa em busca da realização dos nossos objetivos primordiais, independentemente dos ventos soprarem a nosso favor ou não, pois, o sucesso é conquistado somente por aqueles que encaram as adversidades com determinação, perseverança e, acima de tudo, com um desejo quase que incessante de superar as próprias limitações.

A breve reflexão acima é uma espécie de conselho para muitos gestores que comemoraram efusivamente a chegada de 2016 (ano eleitoral), inclusive, com direito a muitos brindes de champagne e tapinhas nas costas de seus puxa-sacos comissionados, mas, sem terem conseguido emplacar uma marca administrativa peculiar (DNA administrativo). Refiro-me, especialmente, aos prefeitos que estão adentrando no último ano de seus respectivos mandatos sem possuir uma identidade positiva consolidada junto à população, apesar dos três longos anos que tiveram para, pelo menos, dizer a que vieram, através de sua ações.

Nos casos mais graves, existem aqueles prefeitos que foram eleitos graças ao trabalho exitoso de seus antecessores e, inevitavelmente, serão julgados nas urnas pela população de forma mais contundente, exatamente por terem pegado o "bonde andando" ou a "casa arrumada". Para estes, cada dia a mais apontado no calendário poderá representar um dia a menos à frente do Executivo. Sem dúvidas, uma contagem regressiva quase que angustiante para quem se acostumou com as benesses e o status social proporcionado pelo poder e que, agora, não quer "largar o osso" de jeito nenhum.

Indo mais além, digo que em tempos de decepção geral com a classe política, contar com a paciência da população para a renovação de seus mandatos é um privilégio que os gestores/sucessores ineficientes não poderão desfrutar, mesmo com a adoção insistente do discurso lamurioso da crise e a apelação feita para que o povo compreenda que não conseguem governar em períodos de "vacas magras", como se tivessem sido eleitos para administrar somente sob situações favoráveis. 

Oras, é senso comum a tese de que só se conhece a verdadeira capacidade de um governante quando o mesmo é confrontado com situações periclitantes e desafiadoras, pois, é nessa hora que a sua reação ante a força dos acontecimentos determina o seu nível de superação emocional/intelectual e, consequentemente, o qualifica como um homem público obstinado pelo êxito ou predestinado ao fracasso. Enfim, podemos dizer que é na hora do aperto que se distingue os incompetentes murmuradores dos que "arregaçam as mangas" sem atentar para o pessimismo paralisante.

Diante dessa incontestável realidade, apesar de alguns prefeitos terem se esbaldado alegremente na "farra da virada", o relógio parece funcionar de forma célere, bem diferente dos gestores inertes que passaram três anos aparentemente "parados no tempo", levando o atraso e a letargia à realidade administrativa das cidades que dizem governar e, consequentemente, impondo à população um sensação de revolta que poderá ser refletida nas urnas com a reprovação em massa aos projetos de reeleição por parte daqueles que não trabalharam pela coletividade, porém, querem continuar como mandatários para garantir a "boquinha" de seus apaniguados.

O ano de 2016 está começando, todavia, para alguns, poderá representar o 'início do fim'. Daqui para frente, o relógio é implacável para quem precisa fazer em 09 (nove) meses o que não foi capaz em 03 (três) anos. Não julgo uma tarefa impossível, contudo, tenho muitas dúvidas a respeito. Para quem não trabalhou pelo povo o clima é de "fim de festa".

Aos gestores que não se encaixam neste cenário, recomendo ainda mais empenho, até porque, vocês não foram eleitos para apenas sentar numa cadeira confortável e exercer uma gestão meramente figurativa. Honrem a confiança popular depositada em vocês e, certamente, serão reconhecidos no momento oportuno (pleito de outubro).

Quanto ao resto, vale relembrar: hoje é 1º de janeiro de 2016, amanhã é dia 2, depois dia 3, 4, 5, 6, 7... O tempo não para!

Tic, tac, tic, tac, tic, tac...