Para a direita bolsonarista, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é mais do que um aliado internacional; ele é o "messias" geopolítico que, supostamente, daria um endosso moral a Jair Bolsonaro. A esperança por um encontro real, um aperto de mão fotogênico entre Lula e o ícone da direita global, é uma fantasia política, que está prestes a se concretizar para a surpresa de muitos e frustração de muitos bolsonaristas.
O problema surge no mundo real, onde o presidente em exercício, Luiz Inácio Lula da Silva, é quem desfruta do palco internacional. A frustração no clã bolsonarista é evidente: o apoio público do grande herói, Donald Trump, nunca chega de forma clara, e agora, a perspectiva de um encontro entre Trump e o seu principal adversário é o novo pesadelo.
A imagem de Lula ao lado de Trump é, ironicamente, o "abraço de IA" mais aguardado. Hoje, a tecnologia permite forjar fotos de pessoas abraçadas que jamais se encontraram - a pós-verdade fotográfica. Mas a política quer a foto real, e o encontro pessoal entre Lula e Trump, se acontecer, será a imagem mais cobiçada da imprensa global.
E aqui entra o bom jornalismo, o fato frio e irônico: o poder atende quem está no poder. Se este encontro se concretizar, Lula, como um político experiente e provável candidato à reeleição em 2026, usará a foto para se apresentar como um estadista capaz de dialogar com as mais diversas forças globais. Para a esquerda, é a prova de trânsito livre. Para a direita, é uma dor de cabeça: como justificar que seu ícone americano está dando capital político e holofotes ao seu maior adversário brasileiro?
Enquanto Lula colhe os frutos de seu mandato e planeja a foto com Trump para reforçar sua imagem, a direita continua em um nó cego. Bolsonaro é o maior cabo eleitoral, mas está inelegível.
A direita precisa urgentemente definir quem será o candidato "real" - e não uma projeção de IA de Bolsonaro -, alguém que possa furar a bolha e agregar novos eleitores, enfim; ser competitivo!