A Lição de 2004 e 2020: Por que a percepção de "Tudo Dominado" em Pau dos Ferros é uma precipitação!


A reeleição da prefeita Marianna Almeida (PSD) em Pau dos Ferros nas eleições de 2024 foi um marco, consolidando-se com uma margem recorde de 4.558 votos sobre o ex-prefeito Leonardo Rêgo (PP). O resultado, que viu Marianna saltar de uma vitória em 2020 para um triunfo avassalador, instalou um clima de domínio total no grupo situacionista.


Esse sentimento se intensificou após o ex-prefeito Leonardo Rêgo, figura central na política local desde 2004, declarar nos bastidores e "debaixo de dores" que estaria se retirando da vida pública. A saída da principal liderança oposicionista deixou um vácuo e reforçou a percepção, no grupo reeleito, de que "está tudo dominado" em Pau dos Ferros e que as eleições de 2028 já estariam definidas para a atual gestora ou seu sucessor(a).

Contudo, essa sensação de que a oposição está "liquidada" e que o pleito futuro já tem dono é uma percepção precipitada que ignora a própria história política de Pau dos Ferros e a natureza da política em si. A célebre frase de Magalhães Pinto, de que "a política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou", é particularmente relevante no município.

O próprio Leonardo Rêgo demonstrou isso em 2004, ao surgir como um nome novo e subverter um sistema político dominante. Da mesma forma, a ascensão de Marianna Almeida em 2020 foi um evento que quebrou a sequência de poder de Rêgo. Ambos os exemplos atestam o poder do "voto livre", a característica mais marcante do eleitor pau-ferrense, conhecido por sua independência e capacidade de surpreender.

Dessa forma, a euforia do grupo situacionista em relação a 2028 deve ser temperada com realismo. O tempo na política (quatro anos) é longo demais para cravar um resultado. O vácuo de liderança na oposição não significa sua extinção, mas sim o terreno fértil para o surgimento de um novo nome. 

Se a prefeita reeleita tem agora o desafio de manter os altos índices de aprovação que garantiram sua vitória, a oposição tem a oportunidade de buscar um "outsider" (alguém de fora do sistema político tradicional) com um discurso renovado, repetindo o que Rêgo fez em 2004, ou o que Marianna fez em 2020.

A história política ensina que o domínio de hoje não é garantia de eternidade, e subestimar a soberania e a imprevisibilidade do eleitorado de Pau dos Ferros é ir na contramão da sua própria trajetória política. Afinal, a definição de 2028 não será dada pela vitória de 2024, mas sim pelo que será construído (ou negligenciado) até lá.