A manobra, que pode ser interpretada como um sinal de resistência unificada, foi articulada pela ausência estratégica dos vereadores da oposição, notadamente os filiados ao PP, que impediram o quórum necessário na sessão extraordinária convocada pelo Executivo.
Institucionalmente, a estratégia é vista como um legítimo instrumento de obstrução parlamentar, um contrapeso democrático que permite ao Legislativo fiscalizar e resistir às iniciativas do Executivo, especialmente em um contexto de atritos prévios com a prefeita. A coesão demonstrada pela oposição (Minervanio Menezes, Ruan Dias, Ewerton Victor, Patrícia Gurgel e Erinaide Negreiros) sinaliza uma disposição em utilizar as regras regimentais para fins políticos, evidenciando o "jogo da política" no nível local.
No entanto, a análise política levanta um dilema ético e prático: ao barrar a discussão de projetos que visam dar flexibilidade e capacidade de investimento à administração municipal, a tática, embora legal, corre o risco de prejudicar a população.
Os apoiadores da prefeita, e parte da população em geral, podem chegar a enxergar o ato não apenas como perseguição política à gestora, mas como um bloqueio que atinge o município e impede a execução de ações urgentes, enquanto os vereadores defendem a medida como um exercício de vigilância pública e responsabilidade fiscal para garantir a boa aplicação dos recursos. O que é certo é que o embate transforma a disputa partidária em um entrave administrativo.
Essa paralisação, que impede o andar regular da gestão, gera uma situação em que, do ponto de vista da eficiência administrativa, todos os lados saem perdendo: a Prefeita, ao ter sua agenda financeira travada; os vereadores da oposição, que assumem o risco do desgaste popular por dificultar a governabilidade; e, sobretudo, a população, que aguarda a continuidade dos serviços e a realização de novas obras.
