Você já deve ter visto pesquisas que apontam candidatos a deputado (estadual ou federal) com bons resultados, mesmo faltando mais de um ano para as eleições. Mas a verdade é que esses números podem ser bem enganadores. A assertividade (a chance de acertar) dessas pesquisas é muito baixa, e entender o porquê é crucial para não criar falsas expectativas.
1º - O período eleitoral ainda não começou. Estamos em setembro de 2025 e a próxima eleição é só em outubro de 2026. A maioria das pessoas ainda não está pensando em voto. Isso resulta em um número altíssimo de indecisos, que muitas vezes representa mais da metade do eleitorado (entre 60 a 80%). Os candidatos que aparecem bem agora são apenas os mais conhecidos, mas eles representam uma fatia minúscula do total de votos. Qualquer movimento político futuro pode mudar tudo.
2º - O universo de candidatos é gigante. Diferente das eleições para presidente e governador (onde há poucos nomes), a disputa para deputado tem centenas de candidatos. Em uma pesquisa espontânea, o eleitor simplesmente não se lembra dos nomes. A pesquisa acaba captando a popularidade de alguns poucos, e não a real intenção de voto do eleitorado.
3º - O voto individual não garante a eleição e essa é a parte mais importante. A eleição para deputado é feita de forma proporcional, ou seja, o que importa é o desempenho do partido ou federação como um todo. Um candidato pode até ter mais votos que outro, mas se o seu partido não alcançar o quociente eleitoral, ele não será eleito. Por outro lado, um candidato com menos votos pode se eleger se seu partido for bem e ele estiver entre os mais votados da sua nominata.
4º - A credibilidade tanto dos institutos quanto de uma pesquisa fora do período eleitoral pode ser questionada. Embora a maioria dos institutos trabalhe com seriedade, existem casos onde políticos contratam pesquisas para usá-las como "peças de publicidade", com o objetivo de impulsionar suas candidaturas. O resultado? Uma pesquisa com viés, que não reflete a realidade, mas serve a um propósito político.
A melhor maneira de se ter um panorama confiável é, durante o período de campanha, acompanhar a média de várias pesquisas realizadas por diferentes institutos e devidamente registradas na Justiça Eleitoral. Dê preferência àqueles contratados por veículos de comunicação que não dependem de patrocínio político, mas sim de empresas privadas, cuja a preservação da credibilidade é seu maior ativo financeiro