Casa do povo ou da solidão?
Observando o auditório da Câmara municipal de nossa cidade quase que completamente vazio na sessão de ontem, quinta-feira, dia 11, pude comprovar uma realidade há muito tempo relatada pelos vereadores pau-ferrenses: a ausência da população nas sessões do poder legislativo municipal.
A Câmara de vereadores de Pau dos Ferros, também conhecida popularmente como: a casa do povo, nos dias de sessões mais parece um salão de funerária, é um silêncio quase que total. Se não fossem os discursos dos edis pau-ferrenses, que realizam as sessões praticamente falando às paredes, a calmaria no local serviria de ensejo até para tirar uma soneca, sem correr o menor risco de ser incomodado, a não ser que existam fantasmas no local.
Brincadeiras a parte, a cena melancólica que presenciei, instigou-me a refletir sobre o assunto e só para variar um pouquinho... várias indagações invadiram meus pensamentos.
Comecei a tentar entender a situação antes de fazer qualquer pré-julgamento sobre a questão, afinal de contas, seria fácil demais eu estando aqui nesta condição de observador, dizer que a culpa seria do povo, que não se interessa por política ou então afirmar que o nível dos representantes da casa é péssimo.
Diante desta situação só me resta uma opção: me colocar no lugar de cada parte envolvida para tentar entender quem está com a razão.
Lado da população - Talvez o cidadão comum, principalmente o não politizado, tenha um pensamento fixo de que no atual sistema político brasileiro, onde o que impera são os jogos de interesses pessoais, a presença dele ali de nada adiantaria para mudar alguma coisa, pois a realidade apresentada até o momento revela que os políticos, na sua maioria, só defendem os seus próprios interesses, esquecendo eles completamente dos anseios do povo, algo que segundo a opinião de muitos, nunca vai mudar.
Outros fatores podem ter contribuído para o afastamento da população, como lambanças patrocinadas por sujeitos quem em muitos casos, chegam ao poder por meios ilícitos (Compra de voto).
Estes desrespeitam o povo que os elegeram fazendo gestos obscenos no meio da rua, outros fazem até necessidades fisiológicas em público, compram briga com autoridades e não tem a menor consciência política do que é ser um representante do povo. Existem também aqueles que são apenas lacaios dos grupos que defendem, estes não tem o mínimo de decência, apenas balançam as cabeças para fazerem o que o cabeça deles ordena e isto é uma lástima!
Vendo as coisas por este ângulo, dá até para entender o porquê da população pau-ferrense ter ausentado-se das sessões na Câmara.
Lado dos Vereadores - Mesmo que a bancada de vereadores não seja uma das melhores, a omissão não é o melhor meio de protesto neste caso, talvez esta atitude da população também possa ser encarada como uma falta de responsabilidade política e social, já que os vereadores são eleitos para defenderem os interesses da sociedade como um todo.
Também vale ressaltar que o cidadão em muitos casos, tem uma tendência de só observar os seus direitos em uma sociedade civil organizada, esquecendo-se completamente de arcar com os deveres, pois estar informado sobre as ações dos parlamentares e a vida pregressa dos políticos é um dever do cidadão, como forma de escolher melhor aqueles que irão nos representar.
Outra observação que gostaria de fazer é a seguinte: Como alguém poderá reclamar da ausência de algum vereador nas sessões da Câmara, se ninguém comparece para assistir?
Sinceramente, se eu fosse um vereador e estivesse lá em dia de sessão com o auditório vazio, eu nem pediria a palavra, votaria no que fosse correto e pronto. Em uma sociedade civilizada as pessoas tem direitos iguais e merecem o respeito também de forma igualitária.
Independente do comportamento lamentável de alguns edis, essa não pode ser uma atitude considerada normal por parte de um povo que tanto anseia por justiça social, afinal de contas, o seu direito termina onde começa o meu.
Blog: Espero ter representado bem cada lado desta questão, o importante mesmo é que independentemente de quem estiver com a razão, a situação seja resolvida com os dois lados sendo beneficiados.
Viva a democracia!