Como já era de se esperar, logo no início de sua fala, a prefeita Marianna Almeida tratou de transformar a sessão solene em um "palco" perfeito para apresentar suas argumentações (estilo caras e bocas) enfatizando que o município de Pau dos Ferros está endividado dentro de um cenário nunca visto antes na história da cidade, ou seja, atacando diretamente a figura do ex-prefeito Leonardo Rêgo (DEM) que, notadamente, "não sai da cabeça" da atual gestora. Ao menos no sentido de acusá-lo aleatoriamente.
Em sua fala, Marianna Almeida disse que são quase R$ 18.000,00 (dezoito milhões de reais) o total das dívidas consolidadas; isso sem falar nos quase R$ 40.000,00 (quarenta milhões de reais) do "caso Bernardo Vidal" que, segundo ela, pode somar-se aos dezoito milhões, algo que inviabilizaria as ações da atual gestão municipal.
Querendo repassar à população um cenário de "terra arrasada" ou "herança maldita", a gestora pau-ferrense foi além e, de forma clara, asseverou que os documentos e provas dos supostos desmandos administrativos da gestão anterior foram entregues aos órgãos de controle (Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público do RN), assim como, também, o protocolo de algumas ações judiciais junto ao Poder Judiciário para tentar prejudicar seu antecessor; pelo menos foi o que Marianna deixou claro em suas explanações que, claramente, tiveram um tom mais político do que técnico.
A prefeita Marianna ainda voltou a falar em auditoria interna para apurar possíveis irregularidades em processos vigentes, detalhe: cujos membros da equipe são totalmente subordinados à gestora, o que, em tese, descredibiliza todo o trabalho feito pelos apaniguados da chefe do Executivo local. Além disso, a gestora falou que em relação aos débitos deixados pela gestão anterior, cada caso será analisado individualmente, inclusive, apontando um suposto débito de R$ 11.000.000,00 (onze milhões de reais) com a Caixa Econômica Federal que a prefeitura estaria negociando, referentes ao FGTS dos servidores.
A Prefeita de Pau dos Ferros disse que já resolveu a situação dos débitos com consignados e, também, afirmou que o município estaria regularizando débitos com a Receita Federal. De acordo com Marianna, relacionados às competências dos meses de novembro, dezembro e o 13º salário recolhidos dos salários dos servidores e, supostamente, não repassados ao INSS. Indo mais além, ela disse que até o momento já quitou R$ 1.253.450,91 (um milhão, duzentos e cinquenta e três mil, quatrocentos e cinquenta reais e noventa e um centavos) de dívidas herdadas pela administração anterior.
Como se estivesse em pleno palanque eleitoral, Marianna Almeida direcionou quase toda sua mensagem para fazer acusações gravíssimas contra Leonardo Rêgo que, concretamente, ainda não foi penalizado, apesar das acusações graves que lhe são impostas pelos seus rivais. De fato e de direito, o que vimos e ouvimos foram apenas falácias da gestora dizendo que encontrou a "casa de cabeça para baixo", talvez, para justificar os entraves iniciais de seus atos administrativos.
Quanto as metas administrativas da nova gestão, nada relevante foi revelado. Apenas a prefeita Marianna citou a reconstrução do Ginásio de Esportes Professor João Faustino, no mesmo local que foi demolido, a retomada de várias obras iniciadas na gestão passada, obedecendo ao princípio da continuidade administrativa. Enfim, nada mais que o cumprimento de sua obrigação como gestora.
Já para os católicos, uma má notícia: a obra referente ao Complexo Turístico Serrote do Jatobá, pelo que foi dito, não sairá tão cedo do papel, já que, a atual gestora disse que sua equipe encontrou irregularidades no projeto elaborado pela gestão anterior, salientando que foi detectada uma infração na legislação ambiental, em virtude do não cumprimento das orientações do IDEMA. No entanto, Marianna Almeida frisou que retomará a edificação da obra assim que as, possíveis, irregularidades forem sanadas.
No mais, nenhuma novidade extraordinária foi propagada. Na verdade, a solenidade mais parecia um ato político virtual, onde o nome do ex-prefeito Leonardo Rêgo ou suas ações foram citadas exaustivamente, algo que para muitos foi interpretado como um erro estratégico da nova prefeita Marianna Almeida que, insistentemente, mais transparece o desejo de complicar o gestor anterior judicialmente do que, na prática, administrar a cidade olhando para o futuro.
Comentário do Blog: Entendo que a prefeita Marianna Almeida perdeu uma excelente oportunidade de realizar sua mensagem anual focando mais em suas ações futuras do que sair atirando contra o seu principal adversário nas últimas eleições de 2020, no caso, Leonardo Rêgo que, graças a própria nova gestora não deixa a população esquecer o nome do ex-prefeito.
Aparentemente, seja por ódio gratuito ou por temor do futuro, Marianna segue adotando a mesma postura dos políticos tradicionais que iniciam os seus respectivos mandatos justificando suas próprias falhas culpando sempre o gestor anterior.
Desta forma, tem-se que a estratégia de Marianna Almeida é uma "faca de dois gumes" que tanto poderá fragilizar a imagem do ex-prefeito Leonardo como mantê-la viva na memória dos pau-ferrenses que desaprovarem o novo governo mais à frente.
Se ainda é cedo para cobrarmos resultados práticos da atual gestão, também podemos dizer que falar mal de um adversário em diversas ocasiões públicas é o mesmo que trazê-lo de volta aos holofotes, gerando um clima de polarização que interessa e muito para qualquer ex-gestor.
Na hora certa, virá a réplica de Leonardo para tantas acusações e, se forem bem esclarecidas, poderá empurrar Marianna para o "campo minado" das discussões administrativas na base do "bateu, levou!"
Marianna versus Leonardo; gestão atual contra gestão passada.
Debate desgastante, desnecessário, irrelevante, mas que poderá eclodir pela insistência da atual gestora que, repito: aparenta não tirar Leonardo da cabeça; seja por ódio gratuito ou receio do futuro.
Prefeita... saia da mesmice e mude a pauta, pelo amor de Deus!